PLANETA EM MOVIMENTO

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

METRO RIO REPETE ERROS, MAS DÁ PINTA DE MELHORAS

Passarela metroviária da conexão Pavuna-Botafogo na Praça da Bandeira

O que seria um alívio se tornou mais transtornos para usuários do Metro Rio. Com a inauguração da ligação direta Pavuna- Botafogo, a esperança de viajar sem confusão não se confirmou com os longos intervalos entre as composições na semana passada. Na Estação Pavuna, a concessionária foi obrigada a impedir a passagem de usuários pela catraca devido a superlotação. Desconforto só deve melhorar definitivamente a partir do ano que vem.

Em fevereiro, a Ligação direta vai funcionar a todo vapor, cumprindo realmente a trajetória prometida pela concessionária. No último dia 21, a Metro Rio pôs em funcionamento – fase de pré-operação– a conexão, mas não preparou os usuários a lidar com as baldeações que precisariam ser feitas. Muitos deles embarcaram e apenas descobriram onde fariam a transferência para a outra linha quando já estava no vagão.
O tumulto novamente tomou forma.

A Estação Central, a primeira das quais a transferência da Linha 2 para a Linha 1 poderia ser feita, ficou lotada. O calor, a correria e o empurra-empurra foram grandes, segundo passageiros. Na Pavuna, a grande demanda pelo serviço obrigou a concessionária a impedir os passageiros a passar na catraca para evitar superlotação e acidentes na plataforma e nos vagões.

Toda as dificuldades vividas durante boa parte do ano persistiram, por duas causas principais. A improvisação de estações de transferência, totalmente despreparadas para tal, e o menor número de carros que foram postos em circulação a partir do dia 21 para manutenção de alguns outros. Ações tomadas sem levar em consideração a quantidade de pessoas que iriam utilizar o transporte.

A quantidade de pessoas por vagão, porém, diminui; sobretudo fora dos horários de pico. Os passageiros que viajaram somente na Linha 1 disseram que a viagem melhorou e ninguém precisou ficar se apertando, pelo menos por muito tempo. No dia 21, de acordo com usuários que embarcaram na Tijuca sentido Zona Sul, os vagões se encheram entre Estácio e Central ( percurso obrigatório para quem teria de seguir da Linha 2 sentido Tijuca). Antes e depois destas estações, segundo eles, a viagem foi tranqüila.

No ano que vem, com a entrada da Ligação direta em plena operação, a lotação da Linha 2 tem tudo para diminuir. As melhoras efetivas no sistema só deverão ser vistas com a chegada, em 2011, de19 novas composições, com 6 carros cada. Os intervalos, hoje de 4m 30 s passaram para cerca de 2m, diminuindo ainda mais a possibilidade de desconfortos e confusões; em compensação o número de passageiros/dia deve ir para 1,1 milhão (em 2008 eram 550 mil). A concessionária pretende investir, com todas as obras previstas até 2014, 1,15 bilhão de reais.

Entre os demais projetos, está a obra do Metrô Uruguai, na Tijuca e a modernização do sistema. O fornecimento de energia ganhará reforço de duas novas subestações, Largo do Machado e Uruguaiana, e a reforma das subestações de São Cristóvão e Central, diminuindo risco de apagões como verificado nos últimos meses. Para minimizar o calor, e para os usuários não chegarem no trabalho pingando de suor como aconteceu várias vezes em dezembro, o sistema de ventilação vai melhorar com as novas frotas e a concessionária vai aprimorá-lo nas estações.

Para outras regiões da cidade e da região metropolitana, nenhuma expansão está prevista. O governo do Estado do Rio pretende investir em pesquisas para levá-lo até a Barra, mas sua concretização é incerta. Caso se decida por levar o transporte subterrâneo a Zona Oeste, a intenção do governo estadual é a finalização das obras antes das Olimpíadas de 2016. Projetos antigos do Metro chegar à Ilha do Governador e ao outro lado da Baía de Guanabara nem sequer são mencionados pelo poder público.

sábado, 19 de dezembro de 2009

DRAMATURGIA 2009: BOM GOSTO E NOVIDADE



Em um ano difícil em termos de audiência, emissoras conseguem mostrar belos trabalhos. Caminhos das Índias foi eleita melhor novela do mundo e Poder Paralelo surpreende com algumas interpretações


O ano de 2009 trouxe muitas novidades e bons conteúdos para a TV, em especial no ramo de dramaturgia das emissoras. Novos conceitos entraram nas produções de folhetins, com o peso da influência da internet; Caminho das Índias ganhou o prêmio de melhor novela do mundo e Poder Paralelo, da TV Record, deu a oportunidade dos telespectadores assistirem a aulas de interpretação de alguns de seus atores.

Marcelo Serrado, Paloma Duarte e Petrônio Contijo afloraram, de corpo e alma, os sentimentos das pessoas que realmente vivem como Bruno, Fernanda e Rude, seus personagens respectivamente. Petrônio vive um drogado perfeito, com expressões melancólicas e de uma pessoas confusa Paloma consegue, em um papel de uma atriz sem um rumo certo na vida, perpassar por momentos sentimentais e psicológicos opostos de uma hora para outra; assim ;como Marcelo, que deixa uma marca mais agressiva e psicopata, tão perfeita que chega a ser cômica.

O trio da novela de Lauro César Muniz, ao lado de um elenco não menos profissional, estão amarrados em um enredo delicadamente trabalhado pelo autor. A história, apesar de traços super tradicionais da dramaturgia, consegue dar voltas e voltas e envolver o telespectador em muitos mistérios que, ao invés de diminuírem com o passar da trama, só crescem. Com a interpretações impecáveis, o texto se completa com a direção correta de Inácio Coqueiro.

Com texto maravilhoso ou não, quem conseguiu a façanha de melhorar índice de audiência em seu horário a padrões de quatro anos atrás ,quando a Globo não tinha vivenciado uma grande queda em seu Ibope, foi Caras & Bocas. Novamente Walcyr Carrasco conseguiu atrair mais telespectadores a altura ou além do que a emissora esperava. O atual folhetim das sete mantém uma média de audiência geral acima da casa dos trinta pontos , tendo em vários dias conquistado praticamente a mesma audiência da novela do horário mais nobre, Viver a Vida.

Porém, quem levou a estatueta do Emmy Internacional pelo conjunto da obra foi Caminho das Índias. A estória escrita por Glória Perez quebrou um jejum de cerca de 25 anos sem nenhum Emmy para o Brasil, sendo o primeiro conquistado pelo país no quesito telenovela. O ponto forte da produção global foi a abordagem da cultura indiana, com seus costumes e valores. Dentre os últimos, o sistema de castas, que imprimiu a protagonista a se casar com o homem que não amava, e vários outros absurdos (por isso chamavam atenção) vistos sob os olhos da cultura ocidental.

Uma inovação de conteúdo é pequena se comparada as transformações nas formas de contar as estórias, como em Geral.com e Malhação ID. A maior emissora do país saiu na frente na hora de pintar as narrativas televisivas com um pouco do que a internet pode contribuir.Nas duas produções, engendrou o conceito de interatividade entre público e personagens e uma a mistura da realidade com a ficção. Nada antes visto de maneira tão forte.

Na nova temporada de Malhação, todas as terças e quintas aparece uma senha que permite ao telespectador acessar vídeos extras que dão prosseguimento à estória contada no folhetim televisivo. Como o próprio nome do recurso ( “Escondidinho”), o telespectador que consegue a senha tem a chance de conhecer pontos da trama que geralmente ficam fora dos capítulos diários, dando a oportunidade ao telespectador criar um elo maior com a estória. Uma mistura de novela na TV e internet.

A combinação das duas mídias, pelo número crescente de pessoas na web, será a solução para levantar a audiência dos conteúdos televisivos, em especial das novelas. O ano de 2009 registrou uma das piores médias para a dramaturgia brasileira. A não ser por Caras & Bocas, todas as demais produções com o Ibope aquém do esperado pelas emissoras. Viver a Vida registra atualmente a pior média da década entre todos os folhetins das 9 da Globo; Bela , A Feia da Record, com investimento inicial de dezenas de milhões, mal consegue marcar dois dígitos; e a nova Malhação ID, apesar da fórmula ser uma promessa para o futuro, em alguns dias igualou os piores desempenhos de audiência da história da trama teen( mas ainda é cedo para avaliá-la).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FLAMENGO É HEXA COM TODA JUSTIÇA


Vindo de um clima interno desagradável , de posição desconfortável dentro do campeonato e sem crédito da imprensa, título consagra treinador e equipe unidos e técnicos


As mesmas características que ajudaram a seleção brasileira para um ano quase perfeito, contribuíram Hexacampeonato brasileiro do Flamengo. A humildade, perseverança e união da equipe de Andrade foram o gás para uma arrancada no campeonato nas últimas catorze partidas. De um time desacreditado e com problemas ao longo do ano, os atletas cresceram , se entrosaram , mostraram futebol e marcaram a história do clube, em um Maracanã com mais de 85 mil, após 17 anos de jejum.

O primeiro tempo da partida que consagrou os rubro-negros não deu à torcida a impressão de que um novo Brasileirão fosse conquistado com facilidade. A alegria e empolgação da torcida esfriou com a lentidão e nervosismo do time, que dava a impressão de não entender estar em um jogo decisivo. Com o segundo tempo, no entanto, o despertamento apesar de ter sido aquém do futebol apresentado no campeonato, fez jus à arrancada rumo ao Hexa. O Flamengo foi com vontade ao ataque , criou boas oportunidades e conseguiu selar o que tanto mereceu.

Com o gol do jovem David e de Angelim, ambos defensores, ficou a prova de que o conjunto do Flamengo faz diferença. Em um dia sem inspiração para Pet e Adriano, como o próprio técnico Andrade ressaltou, surgiu a força e o talento de terceiros para fazer o resultado coletivo. Segundo o técnico hexacampeão, o Flamengo hoje tem jogadores, titulares e reservas, com categoria para ajudar a manter o nível da equipe nas partidas em casos de falta de inspiração para alguns ou mesmo de desfalques.

Mas nada adiantaria se o grupo , atletas e comissão técnica, fosse desunido. Com a assunção de Andrade , um clima desagradável deixado pela era Cuca foi desfeito. O baixo astral foi substituído pela vontade dos jogadores de conquistar alvos mais altos no campeonato. Do primeiro objetivo que era sair da beira do Z4, a chance de Sul-Americana, Libertadores e do título surgiu aos poucos com a paz, a fruição do futebol dos jogadores e a admiração ao técnico, motivados pelo craque dos anos 80.

A entrada do grande parceiro de Adílio, Zico e Leandro, foi peça chave para que tantos esforços fossem consagrados. A começar pelo de Angelim, que no início do ano sofreu uma lesão, teve de ficar parado, e quase perdeu uma das pernas. Saiu da situação com uma recuperação rápida e mostrando logo as boas atuações dentro de campo. De uma mesma situação preocupante saiu Adriano; e de uma mesma situação desacreditada saíram Pet e Andrade. Todos vieram de baixo para alcançar o topo do país. O acidentado, o deprimido, o velho e o tapa-buraco foram importantíssimos para colocar o Flamengo, como estampam camisas comemorativas do Hexa, como Rei do Brasil.

A conquista, além de marcar e premiar um ano de trabalho, é recompensa para torcedores e para os atletas que participaram de temporadas passadas, como a de 2008 quando o time apresentava um belo futebol. Nesse ano, o time de Joel Santana jogou bem a Libertadores, mas foi desclassificado por pura displicência, e tinha grandes chances de ser campeão brasileiro se não fosse a grande seqüência de derrotas no meio do campeonato e alguns tropeços no final. Léo Moura, Juan, Bruno, Angelim e outros fizeram parte de tais momentos.

Junto com os 35 milhões de rubro-negros a campanha do quase , acumulada anos anteriores com a conquista da vaga em 2007 e campanhas regulares ou ruins antes ainda, transformou-se em vitória como uma garrafa no semi-árido. Embora não se acreditasse em tanto, ainda mais no meio do campeonato quando o Flamengo estava perto da zona do rebaixamento, em 14 lugar. Andrade acreditou em seu trabalho, mas o título era impensável. Para a mídia, as chances do time levantar a taça eram remotas inclusive nas rodadas finais. Tiveram comentaristas que apostavam até na perda da vaga na Libertadores, baseados certamente na história e estória de cavalo paraguaio das últimas temporadas.

Com os títulos anteriores, especialmente do São Paulo, os times mal administrados eram dados como improváveis de alcançar e permanecer na liderança por muito tempo, quem dirá ser campeão. A boa estrutura do tricolor paulista, Inter Palmeiras e Cruzeiro tiravam pontos em apostar no Flamengo. Mas se enganou quem pensava que na Gávea nada havia mudado. O hexacampeonato é fruto sim de uma mudança de postura nos bastidores do rubro-negro carioca, que decidiu em manter Andrade e mudou o local rotineiro dos treinos para um gramado na Zona Oeste, em melhores condições ao da sede.

O impulso dado agora tem de ser aproveitado para gradativamente melhorar a estrutura do clube. Há salários atrasados, dívida de 300 milhões e falta de condições de qualidade para a preparação dos jogadores. A missão da nova presidente do clube, Patrícia Amorim, é manter a base do time, segurando Adriano e Pet. O elenco praticamente sem alteração é um dos desafios para uma próxima temporada tão boa quanto. A história feita com o primeiro técnico negro campeão brasileiro e a primeira presidente mulher do Flamengo, daqui para a frente seja feita para transformar o número 1 do Brasil em um clube organizado e com muitos campeonatos vencidos.
Fotografia: Uol