PLANETA EM MOVIMENTO

sábado, 28 de fevereiro de 2009

BLOCO DO “CHOQUE DE ORDEM” DESFILA NA ZONA SUL


O carnaval se foi, mas fica a lembrança de alegrias e tristezas vivenciadas. Uma delas manchou a cidade. A desorganização do trânsito na zona sul do Rio desfilou no último domingo (22/02), empurrada pelos blocos carnavalescos, pela falta de identificação nos pontos de ônibus e pelo formigueiro de gente no metrô. Um desafio para o prefeito que, neste dia, estava na folia do sambódromo ao lado de Cabral e Lula.
As autoridades fizeram questão de pular no carnaval, porém enquanto elas se preparavam para beber e sorrir, ruas de Ipanema e Copacabana solicitavam por ação governamental. O Planeta em Movimento acompanhou a tentativa de três rapazes para pegar uma condução de Ipanema a Tijuca. Penaram mais de duas horas para que , enfim, conseguissem entrar em um ônibus.
A tentativa de retorno para casa começou as 18h45, na rua Visconde de Pirajá. Como o trânsito estava super congestionado, os jovens resolveram ir caminhando até Copacabana na intenção de encontrar no meio do caminho um ônibus que os deixasse próximo de seus destinos . Mas o plano não deu certo. Na princesinha do mar a possível solução se tornou quase uma tortura.
Dos mais de cinco pontos em que se tentou pegar um ônibus, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, apenas dois tinham placas que informavam as linhas que ali deveriam parar. Nenhum deles discriminava a parada obrigatória das linhas 413, 415 e 426, as únicas que passam pela Muda, região da Tijuca onde moram os rapazes. Mesmo sem um local certo para esperar, eles arriscaram.
O primeiro veículo que foi avistado, da linha 415, parou em um ponto anterior ao que os garotos estavam. Quando eles fizeram sinal à lotação–– adjetivo que deve ser compreendido literalmente –– o motorista continuou em sua velocidade. Era a primeira chance. Os jovens resolveram, logo, ir em direção ao ponto no qual o ônibus havia parado esperando que ali conseguissem embarcar. O segundo veículo da mesma linha ignorou os passageiros que o ansiavam.
A paciência começou a ser ameaçada. Eram aproximadamente 19h30. Uma boa idéia surgiu.Se estava tão difícil ir por cima, por baixo, onde não há engarrafamento, seria a melhor opção.Em direção a estação Cantagalo, os três rapazes encontraram um ônibus da 426 fora de seu trajeto normal na rua Miguel Lemos. O motorista fez questão de seguir viagem.
Parecia que tudo indicava o metrô como o destino certo. Ledo engano. A estação mais nova do Rio parecia um formigueiro. As filas de suas bilheterias iam de ponta a ponta.Comprar o bilhete iria demorar, quem sabe , uns 30 minutos ou até uma hora. O trio desistiu de cara. Retornaram para a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Insistiram, sentaram , levantaram, reclamaram, se indignaram, o cansaço estampava os rostos de cada um. Tentaram chegar na Tijuca com ônibus que vão para Vila Isabel, mesmo que os deixassem distantes . Nada resolvia. Faltava condução e quando elas vinham não paravam por estar abarrotadas de possíveis foliões.
O jeito, então, seria ir até os pontos finais no Jardim de Alah ou no Leblon. O estresse que tomava conta deu espaço para a disposição. Como atletas , os rapazes correram da altura da Souza Lima até a Visconde de Pirajá na altura da Farme de Amoedo. Lá, no meio da rua congestionada, suados e bofejantes eles encontraram o que tanto sonharam naquela noite. Uma condução da linha 413, com ar condicionado, abarrotada como a maioria, por volta das 21h abriu sua porta e garantiu um final de dia sem mais preocupações.

TALVEZ UMA COMPENSAÇÃO
Para sair de Ipanema foi um pouco complicado. Em Copacabana o trânsito estava razoável. Em Botafogo, Flamengo e pedaço do Centro uma maravilha. Pistas nas quais as rodas andavam com liberdade. Ao se aproximar da Central do Brasil, o que era de se esperar aconteceu. Mais engarrafamento. Contudo, a lentidão do trânsito era uma oportunidade para apreciar os carros alegóricos. Uma das poucas belezas e benefícios que a festa da carne produz. Deu para dar uma espiada ainda na Império Serrano entrando na avenida do samba.


RUAS E PESSOAS

Época de carnaval é bonito ver tantas pessoas sorrindo, aparentemente de bem com a vida; embora se saiba que a maioria dos dentes as mostras e os pulos extravagantes sejam efêmeros –– infelizmente. Elas saem do chão, dançam, cantam, expressam alegria. Utilizam meios maléficos para ajudar a se sentirem bem. Álcool e outras drogas. Espalham suas marcas pelas ruas.
Latinhas e muita sujeira foram vistas na rua Visconde de Pirajá principalmente. Quem bebe demais acaba urinando demais. O odor nas redondezas exalava forte. Nas ruas de Copacabana e Ipanema havia poucos banheiros públicos. Na orla da Vieira Souto, na zona de desfile de blocos, pelo menos seis atendiam a população que compunha filas.
Todas as deficiências que o município apresentou servem de lição. A população não é palhaça para andar de um lado ao outro para conseguir uma condução.É urgente que existam placas informando as paradas obrigatórias dos ônibus, a fim de evitar a perda de tempo, já curto, o stress e para os contribuintes verem seus impostos sendo aplicados em algo que os beneficiará.
O Choque de Ordem, para verdadeiramente funcionar, tem que dispor em sua pauta da contemplação de mais banheiros públicos disponíveis durante todo o ano e, com reforço, durante as festas e grandes eventos. Cidade limpa, organizada e com uma eficiente comunicação é obrigação para com os cariocas e atrativo para o turismo.
Gringos lado a lado de brasileiros se divertindo, usando fantasias, brincando com sprays de espuma, sambando e comendo bolo sentado em banco da Atlântica. Imagens que podem perdurar pelo futuro afora e desbancar as manchetes de jornais impressos e on-line que noticiaram a violência aos estrangeiros nos dias antecedentes ao carnaval e diariamente anunciam assaltos aos direitos dos brasileiros. A cidade abençoada por Deus merece cuidado. Os seus moradores e visitantes merecem respeito.A paz um dia irá pairar sobre nós! Tenhamos fé em Deus!