PLANETA EM MOVIMENTO

domingo, 5 de julho de 2009

ESCAVAÇÕES NO SENADO

NARIZ GRANDE E LUPA NO ESCURO
Sarney rouba, mas discussões na Casa giram em torno de interesses políticos


O Senado brasileiro está prestes a ser bastante escavado. Com descobertas de corrupção por parte do coronel nordestino José Sarney (PMDB-RR), políticos da Casa provavelmente terão suas contas, ações e envolvimentos “investigados”. O presidente do Senado, por enquanto, permanece exercendo sua função; até que sua liderança fique insustentável, o que dependerá da posição do PT. Para Lula, Sarney deve ser apoiado.
O presidente da República acredita que a saída do peemedebista será ruim para a governabilidade, com conseqüências que estão fora de previsão. Ele informou que o impasse e o tumulto na Casa são ruins para o andamento das votações, destacando aquelas envolvidas com medidas de combate à crise financeira. Para Lula, não vale a pena mudar Sarney por outro senador.
Se o peemedebista renunciar, quem deve assumir o cargo é um político pelo qual Lula tem antipatia, o segundo vice-presidente da Casa Marconi Perillo (PSDB-GO) O tucano, no entanto, não está imune a acusações, pois tem processos na justiça. Ele seria alvo de peemedebistas humilhados e, somada a inimizade de Lula, o próprio PSDB acredita que duraria pouco. Na hipótese de inviabilização de Perillo, a substituta é a terceira vice- presidente, Serys Slhessarenko (PT-MT). A petista conta com uma ficha nada limpa. Ela integra o grupo com funcionários fantasmas morando no exterior e salário pago pelo Senado.
Apesar dos substitutos levantados, a saída de Sarney continua uma incógnita. Ele afirmou que permanece em seu cargo, mas sua vontade agora depende sobretudo da resposta do PT em apoiar-lhe ou não. O Partido dos Trabalhadores, num primeiro momento depois das irregularidades de Sarney anunciadas, defendia o afastamento do presidente do Senado. A ameaça do coronel maranhense, cogitando a possibilidade de ficar ao lado dos tucanos nas eleições presidenciais de 2010, fez o PT recuar.
A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, uma das mais interessadas no pleito do ano que vem, rapidamente se pôs disposta a conversar com Sarney. A conclusão do encontro foi esperar o presidente Lula retornar da África para o partido do governo decidir a situação. Lula desde o início da história defendeu Sarney e quando chegou ao Brasil disse que por ele Sarney ficava, garantindo convencer o PT do mesmo. O convencimento do presidente da República não chegou a ser confirmado oficialmente, embora tenha surtid seus efeitos.
Aloísio Mercadante, um dos líderes dos petistas, deixou de lado sua opinião inicial de afastamento do coronel. Mercadante disse que não iria tomar medida precipitada, pois sua posição envolvia questões importantes, como as eleições de 2010, e toda uma trajetória de luta partidária. Antes da ameaça de Sarney, a maioria dos petistas havia se colocado contra a permanência do político maranhense à frente do Senado; quantidade que inverteu sua posição.
O tumulto no Senado iniciou em briga por sua liderança e ganhou contornos inclusive para garantir a Presidência da República, como se vê. Lula comentou sobre uma das tentativas e afirmou que o PSDB, que mais lançou ataques contra Sarney junto com DEM e PDT, estaria sendo antidemocrático por querer afastar o peemedebista e impossar um de seus homens não por meios naturais, ou seja, pelas eleições. Lula mencionou aos tucanos que, se eles almejassem o cargo maior do Senado, deveriam ter lançado candidato próprio quando do período de escolha na Casa.
A crítica de Lula ao PSDB, quando seu partido faz parte da mesma lógica de assegurar poder, deveria recair principalmente ao PMDB. O antigo MDB é um agrupamento sem nenhuma linha política definida ao ponto de chegar, em frações de segundos, a cogitar transferir-se de aliado do governo para oposição. O compromisso com a população recai pela simples vontade e o que é primordial se joga à margem. O motivo maior para tanto alarde no Senado ficou em segundo plano.
Os roubos de Sarney foram parcialmente esquecidos e todo o dinheiro posto no próprio bolso e de parentes quiçá irão ser devolvidos aos cofres da União. Os debates estão massivamente girando em torno de conchavos políticos e interesses pessoais. Na câmera, por exemplo, o deputado Edmar Moreira, famoso por construir um castelo de 25 milhões, se livrou de cassação. Em se tratando de roubalheira, a prática é tão comum entre a maioria dos “representantes” do povo que, na mente deles, não vale à pena discuti-la.
Na política feita para os políticos, a rixa entre oposição e aliados pela liderança do Senado pode se equilibrar e ter uma conclusão amigável. Poucos, mas alguns nomes, seriam aceitos pelos dois lados, como os de Marco Maciel (PSDB-PE), Garibaldi Alves( PMDB-RN) e Eduardo Suplicy( PT-SP). Quem quer que esteja na liderança, investigações “profundas” serão iniciadas para encontrar outras irregularidades, cujos autores receberão penas somente para inglês ver.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

VITÓRIA DE UMA ERA

Seleção de Dunga concentrada

Em jogadas mais velozes e com a vontade aguçada de alguns jogadores para balançar a rede, a seleção marcou três gols, virou o placar desfavorável de 2 a 0 e conquistou pela terceira vez a Copa das Confederações. A zebra norte-americana , na maior parte da partida se defendendo, assustou a torcida brasileira, mas não conseguiu segurar a talentosa equipe de Dunga.
No primeiro tempo, entretanto, a categoria dos brasileiros pouco foi vista e, sem ela, os Estados Unidos enfiaram em contra-ataques duas bolas no gol de Julio Cesar. O sucesso no jogo com a Espanha, pelas semi-finais, indicava uma repetição. A estratégia dos norte-americanos de ficarem com a marcação forte atrás e sair para o ataque em reação deu extremamente certo; na primeira etapa.
O estilo defensivo, com um giro de Luis Fabiano dentro da pequena área, foi incapaz de impedir um belo gol no início da segunda etapa. A postura do Brasil melhorou, embora a zaga tenha dado alguns vacilos. No todo, os ataques se intensificaram de forma que , aos 12, Kaká marcou o que seria o gol se empate da seleção. A arbitragem não o assinalou, no entanto.
Um provável desânimo, felizmente, não bateu nos jogadores brasileiros.O camisa 7 de Dunga deslanchou, fez um lindo passe para que Robinho chutasse a bola no travessão e Luis Fabiano novamente balançasse a rede do goleiro norte-americano. Os EUA estavam pedindo para ser atacados. A velocidade e o brilho da seleção pentacampeã inverteram a posição dos 45 minutos iniciais e amedrontaram a equipe da Concacaf.
Com o placar igual, a pressão brasileira foi convertida em uma bola de Lúcio fortemente cabeceada para dentro do gol adversário. A virada foi consagrada e o terceiro título na competição –– o segundo seguido–– estava praticamente assegurado. Nos instantes finais, os pentacampeões do mundo tentaram fazer o quarto, mas o tempo foi insuficiente diante da respeitável equipe dos EUA.
Logo que o juiz apitou, a era Dunga estabeleceu mais um resultado positivo e acumulou, até agora, um dos melhores históricos de comandos da seleção canarinho. Uma das fortes características da filosofia da atual comissão técnica é a união entre os jogadores. Um dos segredos do sucesso. Dentro de campo é fácil ver a amizade entre todos.
Para agradecer a conquista, eles se ajoelharam juntos e rezaram o Pai nosso. O capitão Lucio foi um dos mais abraçados na comemoração. Ele, após a partida, disse ter sido dispensado pelo Bayer de Munique, talvez o motivo pelo qual tenha recebido o maior número de afagos. O entrosamento entre profissionais que se respeitam e a competência é um próspero caminho para a seleção.