PLANETA EM MOVIMENTO

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

PAZ É FORMALMENTE ACERTADA NO CÁUCASO


DIFÍCIL É SABER O QUE IRÁ ACONTECER NOS PRÓXIMOS ANOS NAS REGIÕES DA OSSÉTIA E ABKHÁZIA

A paz foi acordada, pelo menos na prática.Tanques, armamentos e toda sorte de instrumentos de guerra estão sendo retirados dos territórios que amargaram uma semana um conflito internacional.Os próximos dias prometem ser menos turbulentos, mas a inimizade entre Rússia e Geórgia expostas verbalmente, mesmo após o cessar- fogo, deixam dúvidas sobre um futuro, mais longínquo—meses,anos e décadas-- ,na região do Cáucaso.Um lugar que guarda uma história marcada pela rivalidade.

O começo do século XX exibiu de início a Primeira Guerra Mundial, período de nascimento da União Soviética (URSS), liderada plenamente pela Rússia. Na ocasião vários países do leste europeu e da Ásia Central começaram a se tornar soviéticos. Na década de 90, entretanto, o movimento foi inverso. Com o colapso da URSS, os países, antes anexados, retornaram ao estado de independência através de muita luta, inclusive a Geórgia, terra de um povo sobretudo corajoso.

O conflito travado nos últimos oito dias entre a Rússia e os georgianos comprova esta afirmação. Mesmo inferiores econômica e militarmente defenderam e mostraram que não estão dispostos a cederem nenhum pedaço de seu espaço a ninguém.O que demandará ainda mais dedicação.

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev se encontrou anteontem com os líderes das regiões separatistas da Ossétia do Sul , Eduard Kokoity, e da Abkházia, Sergei Bagapsh, e disse-lhes que apóia e garante “qualquer decisão” que estes tomarem.E ainda declarou: "Vocês defenderam seus países, e a justiça está do lado de vocês".Mas o ministro das Relações Exteriores de Moscou foi mais incisivo , ao comunicar a uma rádio que a integridade territorial da Geórgia é “algo para esquecer” e que é limitada na prática.

Os EUA, que estão inclusive prestando ajuda humanitária aos georgianos vítimas dos confrontos—são estimados 3,2 milhões de dólares, solicitaram à Rússia o respeito à integridade da Geórgia. Caso contrário, o maior país do mundo fisicamente poderá sofrer conseqüências , entre elas o isolamento político e econômico.

"A Rússia deve entender, a partir de agora, que a Ossétia do Sul e a Abkházia estão dentro das fronteiras da Geórgia. Não há discussão sobre isso, afirmou George W.Bush hoje em reunião do Conselho de Segurança americano.

Nas duas regiões separatistas a maioria da população , embora viva, pelo reconhecimento da comunidade internacional, sob território georgiano, tem uma cultura mais próxima aos vizinhos do norte, aos quais preferem se aliar.Cerca de dois terços dos ossetianos e grande parte dos abkaizianos têm passaportes russo.

O acordo selado entre Medvedev e o presidente georgiano Mikhail Saakashvili, intermediado por Nickolas Sarkosy, presidente francês que ocupa a presidência rotativa da União Européia(UE), estabelece um cessar-fogo, a renúncia ao uso da força, o livre acesso à ajuda humanitária e o retorno das Forças Armadas de Tbilisi às posições que ocupavam antes do início dos confrontos.

As forças do Kremlim terão de retroceder, contudo poderão tomar medidas extras de segurança até que se crie mecanismos internacionais correspondentes nas regiões que se declararam independentes na década de 90.

O tratado da UE prevê a abertura de um debate global sobre os métodos mais adequados de manutenção da segurança nas áreas separatistas.Se retirar delas, no entanto, a Rússia não está disposta a fazer nunca , conforme disse o próprio subchefe do Estado-Maior do Exército, Anatoli Nogovitsi, se referindo às tropas de paz.

Aquele tal futuro longínquo está sendo desenhado de uma maneira que indica a entrada de ossetianos e abkhazianos onde eles mais desejam, na terra que um dia reinou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a qual ainda sonha em retomar seu prestígio do século XX; apenas com uma diferença: sem aderir novamente ao socilismo.