PLANETA EM MOVIMENTO

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

UM BRASILEIRÃO DE DAR GOSTO

Um dos jogos que geraram mais expectativa no campeonato brasileiro foi o responsável para reabrir a disputa pelo título. Palmeiras e Flamengo jogaram no último domingo no Parque Antártica e o rubro negro desbancou a invencibilidade que o porco mantinha atuando em casa na competição. Para o Flamengo, a vitória trouxe grandes chances de disputa de Libertadores e o sonho de ganhar o campeonato.

Nos primeiros 20 minuto da partida, no entanto, o andamento não fazia crer que o Palmeiras seria derrotado. O Flamengo se manteve recuado, basicamente segurando os avanços do adversário. A maior parte da posse de bola ficava com o verdão; o Fla errava muitos passes. Duas boas oportunidades de gol animaram o ataque palmeirense, uma delas um chute de Vágner Love espalmado em bela defesa de Bruno. Mas o Flamendo guardou o trunfo.

A estratégia de Andrade de jogar atrás contra o líder tinha seus motivos. No costumeiro contra-ataque veloz flamenguista, haveria bons jogadores para marcar. A surpresa foi a pintura do gol; até mesmo inesperada pelo técnico.P assando por três , o sérvio com rapidez e visão colocou com a ponta dos pés a bola no ângulo de Marcos. A vantagem no placar fez o Flamengo melhorar.

No segundo tempo os paulistanos não souberam assustar. O Flamengo, organizado e armado, não dava espaço para os tiros em direção ao alvo de Bruno. Os ataques rubro-negros se intensificaram e eclodiram no quase olímpico gol de Pet-- definitivamente aclamado pela torcida que assistia ao jogo.

A ampliação do placar, mesmo sem a chuva que ameaçava cair, esfriou de vez a equipe de Muricy. O rubro-negro esteve na culminância de fazer o terceiro – em bola de Zé Roberto que explodiu no travessão – e , em penâlti duvidoso, os donos da casa viram Love isolar.

Com a derrota, o Palmeiras somou a segunda seguida e apenas um ponto em três jogos, levando preocupação com a quedade rendimento.O comentarista Casagrande, da TV Globo, criticou o tradicional esquema de Muricy, adotado desde o São Paulo. Segundo ele as jogadas de ataque com bolas aéreas já estão manjadas e vem se confirmando ser uma estrartégia ineficaz para o alvi-verde.

Ontem o Palmeiras voltou a perder; para o ameçado de rebaixamento Santo André.

O declínio verde nas últimas rodadas, junto ao tricolor paulista, acirrou a briga na frente da tabela; com pelo menos cinco times brigando pelo título e mais cinco, pela Libertadores. O Palmeiras está com 54 pontos( um jogo a mais); Atlético-MG, 50; Internacional e São Paulo, 49: Flamengo, 48; Goiás, 46; Cruzeiro,45; Grêmio e Vitória, 44 ; e Avaí 43. Restam apenas oito rodadas e a equipe em melhor fase é o Flamengo, com exatos nove jogos invictos no Brasileirão – 10 de somar o empate com o Fluminense na Sul-Americana.

Os jogadores rubro-negros, um dia após a vitória no Parque Antártica, disseram que por enquanto o foco é a Libertadores mas eles já sonhavam com o título. Um êxito no clássico de domingo contra o Botafogo coloca o time da Gávea a apenas três pontos da liderança. Um posto praticamente inimaginável quando Andrade assumiu o elenco-- então o clube ocupava a 13a posição. Ao contrario daquela época, agora o clima é apenas de otimismo.

De acordo com o comentarista da Super Rádio Tupi e da CNT, Jorge Nunes, no Flamengo Andrade dá liberdade para os jogadores atuarem; o que vem motivando-lhes a mostrar cada um seu futebol. Dentro e fora de campo se percebe a união de atletas e comissão técnica, e a ausência de rixas --apesar de um serem mais vangloriados do que outros pela mídia-- é um ponto fundamental para continuar o bom desempenho na reta final do campeonato.

Além de várias partidas sem saber o que é ser derrotado, os rubro-negros nos últimos nove jogos tomaram apenas quatro gols; quase todas as vitórias foram por um placar igual ou maior do que dois gols de diferença; e um dos artilheiros do campeonato é Adriano. A se somar com o histórico recente favorável, a boa fase dos atletas de frente – Adriano, Pet e Zé Roberto-- projeta um futuro pŕospero para o time de Andrade.

A ótima atuação de Pet-- retirando os holofotes do camisa 10 rubro-negro e de Diego Souza--mostrou que mesmo que um dos craques esteja sem inspiração, ou bem marcado , algum outro-- pode desequilibrar. Com Adriano sempre envolvido por algum palmeirende no domingo, a arte de Pet, com o suporte necessário de todo o time, evidenciou as opções disponíveis a Andrade de jogadores e de estilo de jogo. Avançado ou um pouco mais recuado, como contra o porco, o Flamengo está com tudo para superar a morte à beira da praia do ano passado e levantar o hexacampeonato. Qualidade e a disposição não faltam.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A TOMADA DE GÁS DO SETOR BRASILEIRO

As descobertas do pré-sal têm sido discutidas pelo governo e sociedade. Mas geralmente se esquece que entre os hidrocarbonetos abaixo da camada salina há gás natural; matéria-prima em crescimento no mercado consumidor brasileiro. Hoje a maioria dos estados contam com o gás como combustível. O mercado apresenta potencial de expansão e as recentes reservas encontradas irão elevar a quantidade ofertada. No entanto, falhas na política para o setor estão atrapalhando seu desenvolvimento e trazendo prejuízos.
Milhares de metros cúbicos de gás, há aproximadamente um ano, vêm sendo queimados principalmente pela falta de infra-estrutura de gasodutos. Há campos produtores nas regiões sul, sudeste, nordeste e norte; porém, em certos casos, não há equilíbrio entre oferta e consumo. Há reservas de grande volume, mas que ficam em regiões de baixa necessidade e sem dutos para servir o excedente a localidades necessitadas. Quando a reinjeção do hidrocarboneto nos poços é inviável, a solução é queimá-lo.
O desperdício acaba deixando cidades pujantes em consumo sem a satisfação preenchida. Para evitar que o mesmo ocorra em várias localidades do centro-sul, o Brasil mantêm desde 1999 um acordo com a Bolívia. O governo brasileiro precisa comprar no mínimo, por contrato, 19 milhões de m cúbicos por dia. Parte da importação do país vizinho seria poupada com a malha de transporte dutoviária atendendo as regiões certas. Um problema agravante da política brasileira para o gás é o prejuízo de determinados consumidores quando o volume oriundo de fora é “insuficiente”.
A termelétrica Governador Mário Covas, em Cuiabá, está parada há 25 meses por causa da indisponibilidade da Bolívia de enviar o insumo gasoso para a unidade. Hoje tudo que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) -- a estatal de hidrocarbonetos boliviana -- produz é demandada internamente, pela Argentina e Petrobrás (via gasoduto Gasbol que passa pelo MS). Embora a estatal verde e amarela não venha importando a quantidade mínima, o que vem sobrando a YPFB está abastecendo os outros dois lados. Por situação semelhante a da termelétrica Mário Covas, passaram a AES Uruguaiana e a Sulgás — Companhia de Gás do RS; ambas ficaram de 2006 a 2008 sem serem abastecidas pela a argentina Repsol YPF.
Os projetos em andamento, sobretudo da Petrobrás, e o próprio pré-sal tenderão a diminuir e até dar fim à vulnerabilidade do setor de gás natural. Com a nova fronteira, o potencial de produção brasileira pode dobrar, levando em consideração apenas três áreas avaliadas —Tupi e Iara, na Bacia de Santos, e Parque das Baleias, na Bacia de Santos. As reservas brasileiras pulariam de 14 bilhões de barris de petróleo e gás para 28 bilhões, reduzindo drasticamente a dependência com Evo Morales.
Pensando na grande oferta futura e na presente, a Petrobras trabalha na construção de novos gasodutos. Em andamento está a obra do Gasoduto Gasene, que ligará a malha nordestina a do centro-sul, e está sendo estudada a implementação de gasodutos menores no interior do país. A intenção é dar dinâmica à produção, escoando o excedente da região x para a escassez da região y, ou vice-versa, e atendendo novos possíveis clientes, evitando o desperdício da queima.
A expansão do consumo, segundo a opinião de especialistas do setor, tem fortes chances de ocorrer no ramo veicular. Os carros movidos ao combustível gasoso apresenta, dentre os seus concorrentes diretos — gasolina, álcool e diesel –– o maior valor custo-benefício. Rio de janeiro e Rio Grande do Sul possuem as maiores frotas. Segundo companhias distribuidoras e lojas que trabalham com conversão de automóveis para GNV, há grande interesse de motoristas pelo combustível gasoso, que, segundo elas, ainda não converteram seus carros pela instabilidade do setor.
A vantagem dos veículos movidos a gás está no bolso e na saúde. O hidrocarboneto emite muito menos quantidade de poluentes que a gasolina e diesel, o que lhe dá visão de mercado não apenas para mover motores automotivos. Usinas térmicas a óleo combustível e carvão, por serem duramente taxadas por ambientalistas, deverão ter inúmeras unidades adotando novos insumos—entre os mais cotados está gás, biodiesel e alcool.
O horizonte de mercado para o gás se amplia no Brasil com a projeção da Petrobras de aumentar o número de suas petroquímicas para produção de fertilizantes. Os elementos fundamentais para agricultura são basicamente feitos com uréia e amônia, substâncias que podem ser fabricadas a partir do gás natural. Hoje o país importa a maioria do volume de fertilizantes que utiliza, os quais estão sob o domínio de poucos países que disponibilizam da maneira desejada por eles.
O Brasil, ao desenvolver o setor do hidrocarboneto para melhorar sua condição de abastecimento e carências internas, ajuda direta e indiretamente o mundo. Segundo participantes da Conferência Mundial de Gás, como o presidente da União Internacional do Gás, o Estado brasileiro está fazendo o que o restante dos países precisam fazer daqui para frente; encontrar mais reservas para que garantir o suprimento futuro.