PLANETA EM MOVIMENTO

quinta-feira, 26 de março de 2009

TRANSPORTES CONTRADITÓRIOS

Preços cobrados não combinam com serviços prestados. Pedalar e caminhar são as a melhores opções


No próximo dia 2 de abril o metrô Rio irá aumentar suas tarifas. O reajuste reaviva um incômodo sentido pelos cariocas há bastante tempo. Os preços dos transportes ficam cada vez mais salgados e os serviços nem sempre valem a pena. O remédio é tentar encontrar alternativas ou encarar a realidade com reclamações que custam a ser atendidas.
O metrô recebe reclamações principalmente pela tarifa cobrada, pela superlotação e lentidão. As unidades que hoje custam R$ 2,60 passarão a ser R$ 2, 80, com acréscimo de trinta centavos nas integrações com a Barra da Tijuca e vinte centavos nas demais, exceto com os intermunicipais, cujos valores serão mantidos. O reajuste, no entanto, torna-se injusto pela quantidade de pessoas insatisfeitas com a diferença entre o que é cobrado e oferecido.
Alguns clientes dizem que os vagões subterrâneos parecem, freqüentemente, “latas de sardinha humana” e apontam que eles, com constância, fazem paradas fora das estações fixas e diminuem a velocidade para poder regular o tráfego nos buracos. Os passageiros da superfície dizem quase não ver vantagens em pegar metrô ao invés de um ônibus convencional, pois o tempo economizado debaixo da terra praticamente não é compensado com a baldeação, tempo de espera nas filas da superfície e o trânsito enfrentado nas ruas depois.
As condições não são as melhores em terra firme. Começa justamente pelas tarifas. O preço das mais baratas é, atualmente, R$ 2,20, um valor razoável e mais fácil de ser aceito quando o trajeto é relativamente comprido– igual ou acima de 10 km. O custo da passagem das conduções com ar-condicionado varia de acordo com as firmas de transporte. Os valores mais assustadores são de algumas linhas que percorrem poucos quilômetros.
Para quem embarca em ônibus de integração do metrô, por exemplo, sem pagar pelo bilhete e quem trafega com a linha 201, Santa Alexandria x Praça XV, dispensa, em média, os mesmos R$ 2, 20 cobrados pelos ônibus com longas jornadas, como aqueles cujos pontos finais são da zona oeste ao centro da cidade. Dependendo da distância e de quantas pessoas são, os táxis são mais vantajosos. O valor fica mais ou menos igual, o táxi para mais perto do local onde se deseja ir e é mais confortável.
O pior de tudo são as condições das frotas de certas empresas. A Alpha, empresa da linha 201, pelo menos costuma botar ônibus novos, limpos e com ar condicionado. A Paranapuan, ao contrário, atende pessimamente ao conforto do passageiro. A maioria de seus carros da linha 634 Freguesia da Ilha x Sãens Peña são antigos e as marcas da má conservação facilmente detectadas na ausência de bancos sem encosto para a cabeça, na sujeira e no barulho dos veículos, os quais parecem que irão desmontar.
Há situações tão decadentes quanto. Em Bangu, há cerca de dois meses o telejornal RJ TV flagrou um ônibus que estava com uma de suas rodas frouxa. O motorista ao invés de parar o carro em algum encostamento, seguiu viagem ameaçando a vida de pessoas inocentes. Habitantes de Bangu dizem ser constante ônibus funcionarem em condições inadequadas. Nos dois exemplos lastimáveis fica a mensagem da ausência de fiscalização da prefeitura ou de sua suposta conivência com os donos das empresas.
As alternativas, se não o táxi em certas ocasiões, são a caminhada ou as bicicletas. Opções com custo quase zero, saudáveis e ambientalmente corretos. O número de pessoas que estão largando os transportes coletivos para se locomoverem com suas próprias pernas aumenta gradativamente. Leandro Neves, de 21 anos, afirma ir diariamente a pé de sua casa, na Muda, até a Uerj, no Maracanã.De acordo com ele a caminhada que dura aproximadamente 35 minutos faz bem ao corpo e o faz economizar pelo menos sete reais por dia.
As calçadas são em abundância, mas as ciclovias são escassas. No Rio de Janeiro conseguir andar de bicicleta com segurança é uma tarefa quase impossível, pois na maioria das vezes o ciclista é obrigado a dividir espaço com os pedestres e os automóveis, correndo risco grande de ser atropelado ou atropelar alguém. A promessa da prefeitura é levar as ciclovias que hoje só atendem a zona sul e áreas isoladas da cidade para algumas regiões. Na Grande Tijuca a idéia é separar um via exclusiva que percorra os bairros do Andaraí, Tijuca e Maracanã, cortando a Rua Barão de Mesquita.
O carioca, então, aproveitará os benefícios já ganhos com os bicicletários da Sul-América e com a permissão de embarcar nos vagões subterrâneos com as companheiras de duas rodas aos finais de semana. O Metrô Rio poderá sair ganhando na história, o bolso dos cariocas aliviados e o estresse evitado. Esperar por condução lotada, lenta, suja, quebrada e barulhenta virará ação do passado e o Rio fará parte das cidades exemplares em transportes ecologicamente corretos.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial