PLANETA EM MOVIMENTO

domingo, 15 de março de 2009

CESTAS DESCUIDADAS

Conquista sul-americana do Flamengo melhora perspectiva sobre basquete brasileiro

Com muito esforço o Flamengo consagrou-se campeão sul-americano de basquete na última quarta-feira. O time venceu o Quinsa, na Argentina, por 98 a 96. O título da equipe carioca ajuda para a valorização do basquete brasileiro e alerta para a falta do merecido zelo para com o esporte, que já deu muitas alegrias para o país.
A última grande conquista foi os Jogos Pan-Americanos em 2007, no Rio de Janeiro. Mas há nove anos o país não consegue se classificar para as Olimpíadas, a mais recente disputada em 2000, em Sidney. O fraco desempenho nos pré-olímpicos de 2004 e 2008 sofreu reflexos de desentendimentos, aparentemente solucionados, que culminou em um racha com a criação de uma segunda conferencia nacional (NBB) e em um campeonato nacional paralelo ao oficial ( da CBB).
A ausência nas competições de Pequim no ano passado contribuiu para derrubar a imagem do basquete brasileiro internacional e nacionalmente. Porém, o título do rubro negro carioca serviu e servirá como elemento fundamental para realavancar a moral brasileira no continente e ajudará para formar a teia de argumentos necessária à realização dos jogos olímpicos de 2016 na cidade maravilhosa.
Entretanto, apesar dos seus excelentes atletas e graças a eles que o esporte se desenvolve por aqui, o país não merece receber um evento de um porte grandioso. No basquete os exemplos bastam. A taça dos jogadores do Flamengo foi levantada somente pela garra, profissionalismo, paixão e cooperação de jogadores e comissão técnica, profissionais que deixaram de receber seus salários há quatro meses.
A diretoria do clube, que deixou os salários atrasarem por quatro meses–– o pagamento referente ao mês de novembro foi feito na sexta-feira–– é a mesma que pensou, neste ano, em desistir de investir no esporte temporariamente e é a mesma que atrasa os salários do futebol, mas que o sustenta com folhas de pagamento altíssimas , sem comparação com a do basquete.
Semelhante exemplo acontece em muitos clubes nacionais, maçiçamente preocupados com o mercado da bola no pé e que esquecem as quadras e as cestas, promovendo uma supervalorização de uma prática em detrimento da outra, fato presente fácil e visivelmente na mídia. A maioria das emissoras de TV aberta mantém programas esportivos focados somente ou quase 100% no futebol. Transmitem variados campeonatos futebolísticos, mas reservam espaço ínfimo para o “resto”.
A maior prova é recente. Em nenhum dos grandes canais foi possível acompanhar a partida final da liga sul-americana. Porém, na quarta-feira, Globo e Band ocuparam duas horas de sua programação com partidas de campeonatos regionais. A Record que adquiriu os direitos de transmissão dos próximos jogos de inverno, pan-americanos de 2011 e 2015 e olimpíadas de 2014 se contenta em apenas cobrir as partidas da Liga dos Campeões (dos gramados) da Europa.
Para remar um pouco contra a maré e para demonstrar sua qualidade, a TV Globo está exibindo ao vivo, nos domingos, o Novo Basquete Brasil, campeonato em âmbito nacional— que marca o fim do racha referido anteriormente. Para promovê-lo e para incentivar os telespectadores a assisti-lo, o Globo Esporte trouxe ontem quatro atletas, dois do Brasília e dois do Flamengo, e informou características do basquete, como nome de posições e jogadas.
A emissora dos Marinho, portanto, acende uma luz no fim do túnel, ainda muito escuro. Governos, dirigentes e meios de comunicação, relapsos com práticas esportivas fornecedoras de alegrias e talentos como Oscar, Paula e Hortência, prejudicam a massa da população no acesso ao conhecimento e ao interesse de entretenimentos benéficos ao corpo e a alma.


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