PLANETA EM MOVIMENTO

terça-feira, 24 de março de 2009

S.O.S POLÍTICOS: ONDE ESTÁ A MORAL DELES?

Os representantes do povo perdem-na a cada novo envolvimento ilegal

Um grande homem se foi na última quarta-feira. O deputado federal Clodovil Hernandes era um ser humano de maus e de muitos bons exemplos, cujas qualidades sobressaíam sobre qualquer defeito. Ótimo apresentador, pintor, estilista, comunicador, defensor de direitos dos brasileiros, que mal havia ingressado oficialmente sua vida política. Dias depois de seu falecimento, suspeitas de assassinato levantam uma questão que ele próprio comentava. As características marcantes dos políticos deste país, a saber, a corrupção e o mal caratismo
Clodovil sabia com quem estava lidando no Congresso, com um bando de interesseiros e com uma pequena quantidade de honestos. Por sua coragem de dizer a verdade e combater frente a frente quem fosse, gerava raiva e desejo de vingança de muitos engravatados do poder. A hipótese levantada na sexta-feira passada ,pelas circunstâncias do julgamento que sofrera, de que o estilista poderia ter sido morto por encomenda –– particularmente descartável –– expõe o sentimento latente em quase todos os nativos e habitantes do Brasil. A desconfiança para com os políticos.
A sociedade em sua extensão está cheia de pessoas cometedoras de falcatruas, das mais inocentes as mais exorbitantes. Quase diariamente uma nova quadrilha aparece nos jornais impressos e eletrônicos, expondo desempregados, empresários e os representantes do povo, os que deveriam servir de exemplo. Os eleitos se envolvem com ilegalidades das mais diversas, como formação de quadrilha, corrupção, suborno, cada uma delas cansadas de serem sabidas. Fortemente comentadas principalmente na época das CPIs.
Famosas há seis anos, durante os quais vem denunciando alguns podres existentes há décadas debaixo dos panos, as Comissões Parlamentares de Inquérito deflagraram um oceano de falsos profetas inseridos nos órgãos públicos das três esferas. Políticos acusadores, intencionados a ganharem crédito dos eleitores, acabaram por ser denunciados por irregularidades cometidas, vide Roberto Jefferson, e a cada remexida e investigação mais se encontrava representantes envolvidos com sujeira, vários que não podiam atirar a primeira pedra, dentre os quais uns se arriscavam sem sabedoria.
Na multidão dos políticos de fachada aparecem os de face atenuante e os que ostentam a cara sem máscaras. Os “verdadeiros” não parecem recear ser apontados como bandidos porque sabem que dificilmente terão perdas consideráveis. Se forem julgados e acusados, caso cometam alguns vacilos ou sejam traídos por seus colegas parceiros do crime, provavelmente de uma forma ou de outra sairão com mínimos arranhões na carreira e no bolso. Maluf é a ilustração perfeita. Ao contrário dele, estão os que se trajam com pele de cordeiro, porém nada santos.
No Estado do Rio de Janeiro têm-se, no mínimo, dois na esfera executiva. O de nível estadual extrapola sua cara de pau. Dança funk e bate tambor nas comunidades carentes, freqüenta o sambódromo sorrindo e acenando para a platéia, incentiva projetos para inglês ver em cima de morros, se faz amigo do povo governado e extorquido por ele. Seu seguidor faz muitas atividades parecidas, entretanto é mais comedido e menos falso em suas aparições públicas em seio popular, apesar de ter um rosto quase angelical.
José Dirceu, assim como seus companheiros de profissão do Rio, aparenta ser bonzinho, entretanto a mãos dos brasileiros–– diga-se a maioria–– que confiavam e defendiam-no, botando-as no fogo, foram incineradas. Realmente era difícil de acreditar nas falcatruas de uma figura da política brasileira cuja trajetória fazia-o respeitado. Desde jovem esteve participando de lutas estudantis contra os governos militares e de batalhas a favor da democracia. Seus ótimos exemplos foram parcialmente apagados pelas mesmas atitudes hoje espalhadas pelas entranhas da máquina estatal.
A credibilidade de uma classe por completa é abalada e, infelizmente, os representantes legítimos e decentes recebem as críticas e brincadeiras direcionadas aos políticos em geral. A reverência individual e coletiva por eles praticamente se esvaiu, tornado-se motivo de piadas pela população e pela mídia. Quantos engravatados do poder são regular e eventualmente zombados por suas condutas e imagens em programas humorísticos, principalmente? Nos sábados e domingos os personagens incitam a gargalhadas de situações tão sérias que só as risadas amenizam suas gravidades. A moral vira graça.
Achar a morte de Clodovil armação política, no triste contexto relatado, cabe perfeitamente. PC Farias e Kennedy perderam a vida assassinados. Barack Obama é declaradamente alvo de criminosos e por duas vezes esteve a metros e minutos de mudar de plano espiritual. Quem está mexendo com muito dinheiro e poder está sujeito a atrair ódio de todos os lados, não precisando ser político para senti-lo. A população o alimenta e parte dela, se tivesse a oportunidade, daria um fim a centenas de demagogos dos horários eleitorais. No Brasil o perigo , devido a tamanha roubalheira, extrapola o de quaisquer outros locais do mundo. Quiçá do universo.

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